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O produto foi lançado ano passado pela ST2 esse trabalho é motivo de orgulho para todos aqui da Toro. O documentário que parecia uma novela finalmente chega ao fim com uma versão mais enxuta e muitas coisas inéditas.

 

Segue abaixo uma entrevista com Gastão Moreira, idealizador do documentário:

 


1- Como surgiu a idéia do documentário "Botinada", o que despertou o seu
interesse por esse determinado momento histórico?

Meu interesse na música está muito vinculado ao rock e ao punk. Acompanho o punk desde de 1981 quando trouxe meu Sex Pistols em vinil. Também fui muito aos pontos de encontro dos punks brasucas, principalmente na loja Punk Rock das grande galerias. Achava os punks
anti-heróis por bradarem contra a ditadura militar.


2- Qual o volume da pesquisa (quantidade de fotos, etc)
necessária para conseguir um retrato fiel da época e quanto
tempo foi necessário para realizar essa pesquisa?

Tenho mais de 3 mil fotos e recortes de jornal que escaneei pessoalmente. Demorei uns dois anos pra conseguir este material. Cada um tinha um pouco e recolhi o máximo que pude, fui também à jornais e bibliotecas.

3- Quais as pérolas descobertas nessa pesquisa? (videos, músicas
e fotos). Há alguma imagem ou arquivo que não foi possível encontrar?

Consegui um Cólera ao vivo em 1980 da tv Tupi que nunca foi exibido. O Redson quase chorou quando viu. As imagens do Inocentes no Gallery em 1982 da Ruth Slinger também são muito raras

4- Qual o critério para a seleção dos entrevistados? Foi difícil achá-los?

Gravei entrevistas com mais de 70 pessoas relacionadas ao movimento punk brasileiro. Punks de todo Brasil, jornalistas, cineastas, bandas e simpatizantes. Meu critério foi ter o maior número de visões possíveis sobre o assunto.

5- Quais as histórias mais surpreendentes que surgiram nas
entrevistas?

Tem o show do Gallery em 1982, que era um clube de magnatas e também o show na Puc que terminou em incêndio. Todas são contadas com detalhes no Botinada.

6- Qual a importância e influência dos documentários "Punks",
"Garoto do Subúrbio" e "Rota Abc" para o "Botinada" e qual foi A
relação com seus realizadores? O que o seu trabalho acrescenta?


Esses documentários foram a base do meu. Os diretores tiveram a sensibilidade de investigar o movimento punk no auge e fizeram imagens preciosas.

7- É verdade que existe uma versão "extra-oficial" com imagens e
músicas não liberadas por seus "proprietários"? Por que?

Fiquei surpreso ao ver a ganância das gravadoras das bandas gringas como Ramones, Clash e Pistols. Todos quiseram cobrar preços abusivos (em média 3 mil doletas) pra liberar músicas e imagens que eu usei por poucos segundos. Essa versão não oficial é como seria o Botinada ideal. Mas mesmo sem os gringos o Botinada continua lindo.

8- Qual a sua conclusão sobre a verdadeira importância do movimento
Punk brasileiro? Houve mesmo um movimento cultural, e se houve, qual
a sua relevância?

O Punk representou inconformismo e resistência. Os punks tentaram chamar atenção para abusos de poder e a exclusão social que sofriam na pele e mostraram para todo mundo que é sempre possível ir além dos seus próprios limites.


9- Qual a sua expectativa em relação ao público do documentário?
Quem vai ver e por que?

Espero que o tema desperte a curiosidade num público maior. Afinal de contas o Botinada traz uma parte da história do nosso país.

10- Onde começou o movimento Punk no Brasil?

Essa questão causou celeuma, mas a maioria concorda que foi em São Paulo, no final dos anos 70.